Teoria e Formação do Historiador de José d'Assunção - Fichamento completo.

Fichamento do livro "Teoria e formação do historiador" de José de assunção. Contém uma síntese geral das ideias.

è Capítulo 01: Teoria na época da Historiografia ou Historiografia na época da Teoria.

·         O que é teoria? Quando surge a Teoria da História? O que a sustenta?

·         Essas questões começam ser elucidadas quando há uma consideração da história como ciência. Até os autores que não consideravam sua cientificidade começaram a delimitar reflexões sistemáticas sobre ela.

·         Voltaire no começo do séc. XVIII delimita a História como um “gênero literário” e não considera a cientificidade da História.

·         Ainda no começo do Séc. XVIII alguns Filósofos começaram reflexões acerca da História numa área denominada “Filosofia da História

·         Na passagem do séc XVIII para o XIX ocorre o nascimento da Teoria da História, quando considera-se seu caráter científico e delimita a especialização na figura do Historiador.

·         Somente nesse contexto que desenvolveu-se as condições epistemológicas para elucidar discussões historiográficas e metodológicas.

·         Algumas questões que iniciavam-se são:

 

1-      Tipo de conhecimento científico apto a História produzir

2-      Relação entre o sujeito de produção do conhecimento histórico e seu objeto de estudo

3-      Vocabulário comum (preocupação)

4-      Paradigmas historiográficos: Historicismo, Positivismo e Materialismo Histórico.

·         É nesse contexto que nasce o gênero historiográfico com Historiadores produzindo obras para tratar sobre a Historiografia e as correntes históricas do seu tempo. Os primeiros Historicistas começam a debater o “Fazer Histórico

 

è Capítulo 02: Teoria.

 

·         A teoria é uma visão de mundo onde os cientistas conseguem enxergar a realidade no seu objeto de estudo. Desde a antiguidade teoria está atrelada com a ideia de “ver” ou “conceber”.

·         Essa concepção da antiguidade foi alterando-se sutilmente a partir da introdução do conhecimento. Teoria passa estar mais atrelada à uma construção do que propriamente uma percepção.

·          Karl Popper diz que “as teorias são redes, lançadas para capturar aquilo que denominamos mundo: para racionalizá-lo, explicá-lo, dominá-lo” (Popper, 1995, p. 61).

·         A teoria transforma a realidade observada ou, pelo menos, elucida seus aspectos.

·         O conhecimento é construído a partir de um ponto de vista. Por isso que teoria compreende-se como visão de mundo. Há uma reflexão sobre os próprios processos de construção do saber.

·         É através de uma teoria, como visão de mundo, e seus conceitos que poderemos analisar a sociedade em seus amplos aspectos sociais e históricos.

 

è Teoria X Método

 

·         Pela oposição entre “Teoria e Método” descobriremos as particularidades de cada um. Teoria é uma visão de mundo que utilizade de generalidades e método remete ao modo de fazer algo.

·         Logo, Teoria implica em “ver” e método em “fazer”.

·         Teoria implica no conhecimento do objeto pelos conceitos e generalizações e na subdivisão da área de estudo bem como a reflexão do ofício do pesquisador.

·         A metodologia remete sempre à ação, pois é o modo de trabalhar algo.

·         Teoria à Modo de pensar

·         Método à Modo de fazer

·         Teoria e metodologia interagem entre si. Por exemplo, adotar certa teoria pode nos encaminhar para uma certa metodologia e vice-versa.

·         A metodologia pode ser independente em alguns casos, embora as concepções teóricas sejam divergentes, pois há uma padronização concensual para o trabalho acadêmico.

·         Embora teoria seja “uma visão de mundo” nem todas visões de mundo constituem uma teoria, por exemplo: religião, mitologia, cosmogonia etc.

·         A Teoria, em específico a Teoria da História, é uma visão de mundo pautada na ciência.

·         As teorias se colocam em um campo de diálogos visto que reforçam-se ou são refutadas uma pelas outras nessa relação dialética.

 

è Teoria da História

 

·         A teoria da História é o pensamento histórico na sua versão científica. Nasce das reinvidicações de cientificidade com a historiografia.

·         É entre a passagem do século XVIII para o XIX que surge esse viés científico e, propriamente, as produções historiográficas.

·         A Teoria da História pode ser pensada por três perspectivas: artefatos teóricos (princípios, conceitos, ideias), paradigmas teóricos (positivismo, historicismo, materialismo histórico) e as questões particulares (eventos).

·         Os paradigmas sobre o “fazer histórico” são apenas modelos delimitadores que nos fornecem algumas possibilidades de interpretação. O historiador pode transitar entre os modelos ou propor novos*

·         Não há, na teoria da história, paradigmas melhores que os outros. Eles estão sempre em diálogo entre si afirmando-se ou refutando-se

·         Os historiadores ao analisar um fato opta por uma teoria, mas não pode afirmar que aquela é a verdade absoluta. Existem muitas formas de visão diversa sobre o mesmo assunto.

·         Há uma convivência de teorias distintas, diferentes formas de “ver” o mesmo fenômeno.

·         A teoria da história é um local de diálogos, debates e possibilidades para estudar os fenômenos, compreender como se faz história e o porque.

 

è O surgimento das Teorias da História: o contraste inicial entre o Historicismo e Positivismo.

 

·         Na primeira metade do séc.  XIX a História sofreu uma “refundação”, pois havia diferentes formas de historiografia no passado.

·         Na Universidade de Berlim, em 1810, desenvolvia-se o historicismo e em paralelo a essa possibilidade o positivismo.

·         O positivismo considera a História no seu caráter universalizante e o historicismo no seu caráter particularizante.

·         O positivismo considera que são problemas, para a História científica, a questão da subjetividade e diversidade. Aproximam-se das Ciências Naturais, onde não deve haver subjetividade e encontra-se unidade na diversidade.

·         Ademais, formulam leis e postulam que o historiador deve ter um caráter de neutralidade, pois assim não comprometerá a relação sujeito-objeto.

·         “isso implicará na ideia que os documentos podem falar por si mesmos”(BARROS, 2017, p. 60).

·         Os Historicistas consideram a subjetividade como uma riqueza, pois permite maior abrangência e especificidade da história.

·         A subjetividade não comprometerá o trabalho historiográfico.

·         A “Consciência Histórica” do homem é considerado um presente, pois através dela ele consegue compreender a consciência historiográfica e a diversidade de opiniões

 

è Materialismo Histórico (HDM): Teorico-metodológica

·         É constituído a partir de uma inter-relação de conceitos anteriores e que trazem uma nova perspectiva fundamentando o materialismo histórico

 

·         Dialética, Materialismo e Historicidade SÃO OBRIGATÓRIOS. Não se pode prescindir, sujeito a cair em algo que não seja o materialismo histórico. (FUNDAMENTOS)

Conceitos incontornáveis:

 

·         Práxis (derivado da dialética) une a teoria e a prática em um todo coerente.

·         Luta de  Classes (derivado da Historicidade acrescido da dialética, isto é, das contradições)

·         Modos de produção que são a unidade básica do materialismo. Depende da dialética para compreender suas contradições internas e da Historicidade para compreender a mudança de um sistema em outro.

·         O Materialismo Histórico compreende a História em duas formas:

·         A História é “A história da luta de classes” e “A história da sucessão dos modos de produção”

·         Marx e Hegels instauram uma nova forma de ver a História. A primeira embasa uma História Social e a segunda uma História Econômica.

·         Marx vai oposto a ideia da História Política como a simples narrativa dos fatos, à saber: Quem foi ciclano? O que fez beltrano? Quais as Guerras?

·         Propõe aos Historiadores deslocar olhar para a História Social e o olhar da historiografia para as relações econômico-sociais, como impactam a sociedade e a própria História.

 

    Ideias secundárias

·         O positivismo e o historicismo defendiam, em comum, a História e as Ciências Sociais com caráter científico. O que diferia é que tipo de conhecimento científico seria este em cada teoria.

Referência:

BARROS, José d’Assunção. Teoria e Formação do Historiador. 3 ed. Rio de Janeiro: Vozes, 2017

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